O que é a TV por assinatura hoje

3

Se você possui televisão por assinatura hoje em dia, mas sua assinatura já é de muitos anos atrás, mais precisamente desde o final da década de 90 por exemplo, deve facilmente perceber que o serviço e os canais são muito diferentes daquilo que você assistia nos primórdios da TV paga brasileira, não é mesmo?

Além do peso  do tempo, em que vimos muitos novos canais, pacotes, programas, condições, novidades e serviços surgirem, vimos também canais antigos morrerem, mudarem de nome, serem extintos. Teve até canais que morreram bem jovens, como o Jetix (poucos anos e logo mudou de nome), Animax (que virou Sony Spin e depois mudou de nicho) e muitos outros.

tv por assinatura
O que mudou na TV por assinatura nos últimos anos

Uns morreram ou mudaram mesmo tendo uma boa audiência e qualidade, o que acabou os desgastando aos poucos (como o Fox Kids, que hoje tem uma sobrevida no Disney XD). Não é coincidência que mal começamos o post e já citamos ao menos 4 canais infantis…  talvez este tenha sido um fenômeno muito comum na mudança dos anos 90 para o 2000 – o falecimento dos canais infantis e uma reformulação da TV paga. Mas enfim, o assunto de hoje é um pouco mais complexo e profundo.

Continuemos:

O novo público e a TV por assinatura hoje

Vou chamar a TV fechada dos últimos 10 anos de “nova tv por assinatura”.

Primeiro motivo: a mudança do perfil do assinante. Se antes o produto era restrito a elite e muitos canais para a Elite da Elite, hoje o público é massificado. Seja graças a pirataria em grande número, seja pelo barateamento de pacotes de entrada (ou ainda pelo surgimento da nova classe média mais disposta a gastar e com maior poder de endividamento) este público realmente mudou.

Especial sobre os canais de TV que ainda valem a pena

Obviamente que os canais mudariam. Me admira muito não ter surgido um canal de comédia para a classe média, nos moldes de um Zorra Total 24 horas ou de qualquer programa de humor da globo, cheio de bordões repetitivos que tentam grudar na mente de quem assiste. Admira muito. Mas enfim, os canais segmentados claramente morreram, pois foram sendo deixados de lado por um público que não procura conteúdo de qualidade, e sim quantidade e diversão sem compromisso.

É o famoso ter. EU TENHO TV POR ASSINATURA. Essa é a primeira premissa buscada. Logo ela muda para EU TENHO MAIS CANAIS QUE MEU VIZINHO. Maravilha, a TV vai ficando completa. EU COMPREI UMA TV EM HD E ASSINEI UM PACOTE EM HD. Opa, mais um incremento na minha qualidade de vida. Quando perguntamos a este novo telespectador o que ele assiste a resposta provavelmente será: A rede Globo ou a Rede Record.

Faz sentido?

Assinantes do tipo Globo + futebol + filmes

Obviamente que não estamos insinuando que todos os novos assinantes da nova classe média que se enquadram nas condições e premissas acima. Com certeza não são todos.

Mas chamou a nossa atenção em 2013 a enorme briga travada por um grupo enorme de assinantes que defendiam a aprovação da Lei que incluía canais de TV Aberta obrigatórios em todas as operadoras.

Um outro grupo muito grande que assinou a TV paga na década atual é aquele que queria ver seu time jogar em todas as partidas do Brasileirão, Libertadores e afins, ou aquele filme que só vai passar na Tela Quente daqui há muitos meses… esse é um perfil que já existia desde sempre, mas que agora se tornou maioria.

Assinantes do tipo “tudo menos Globo”

Esse é o tipo de assinante revoltado com a TV aberta (citamos a Globo por ser a maior do país). Aqui temos aquele crítico ferrenho do Jornal Nacional, do atraso das séries que só passam de madrugada, inimigos do Galvão Bueno que ainda domina a F1 e o futebol, do Silvio Santos que jugam estar gagá aos domingo, do sensacionalismo do Ratinho, Datena e afins… enfim, aquele que tem pavor dos canais abertos, e que se possível jogaria fora o módulo de canais abertos de seu receptor HD de última geração.

Esse tipo de assinante não é maioria, mas um dos mais fortes e antigos da TV por assinatura (e que geralmente é mais elitizado).

Qual grupo é “melhor”?

Obviamente que nenhum e nem outro. O primeiro se contenta com qualquer coisa, pois em uma análise simples, exige muito pouco da sua TV por assinatura.

O segundo grupo também é problemático, pois acaba muitas vezes sendo um defensor ferrenho de um serviço que não anda muito bem, que é caro e carente de novidades e novas tecnologias.

Confira nosso especial: “até quando precisamos de novos canais?”

As consequências trazidas pela massificação da TV paga

A massificação da TV por assinatura gerou o fim progressivo de alguns canais e programas segmentados. O público de massa não dá tanto valor para canais com assuntos específicos e muito diferentes do que estão acostumados (é aquilo, muitas donas de casas preferem ver o VIVA e a Ana Maria Braga, do que a programação mais refinada do antigo Bem simples/Fox Life hoje).

A massa não gosta muito de esportes mais desconhecidos, como o caso do Golf e do Golf Channel, por exemplo… São exemplos de canais quase que totalmente focados em nichos, que sofrem para competir em audiência com canais genéricos, de variedades.

Confira ainda: A decadência da Televisão por assinatura

Do ponto de vista positivo, é claramente que as operadoras amaram essa massificação. Através da oferta de pacotes com mais serviços – leia aqui combos, baixaram um pouco o preço dos pacotes de entrada, e encheram os bolsos graças a enorme quantidade de novos assinantes entre 2011 e 2014.

Para o assinante é o acesso a tais combos (quem ganha salário de 1000 reais e não possui dependentes, pode gastar cerca de 60 reais por alguns canais e telefone, por exemplo). Mais público, mais dinheiro em caixa, mais investimentos em qualidade e novidades, como novos canais – o que indiretamente agradou também os assinantes mais antigos.

Mas será que essa qualidade nos serviços e os novos canais disponibilizados são realmente bons? Este será o tema de nosso próximo especial. Não percam – e não deixem de comentar.

COMPARTILHE