A decadência da TV aberta

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Me peguei dia desses lembrando da época em que assistia muito a TV aberta, ainda nos idos da década de 90. Logo lembrei dos desenhos animados nas manhãs de todos os dias, os bons filmes da tele quente segunda a noite, os programas de humor no sábado a noite e domingo depois do almoço da Globo, as corridas de fórmula 1, o futebol nas quartas e domingos, o Faustão e o Gugu com seus programas de auditório sempre muito assistidos e comentados… aiai bons tempos.. mas calma aí: SERÁ QUE REALMENTE ALGO MUDOU DAQUELES TEMPOS PARA CÁ?

A resposta é sim e não. Não para a sequência chata e repetitiva de coisas que não mudam nunca; não para as pessoas (apresentadores, atores e jornalistas) que na maioria dos canais seguem as mesmas; não para o canal líder em audiência e não para mais um monte de coisas que seguem de forma quase idêntica ao passado.

decandencia da tv abertaO que mudou mesmo nessa história toda foi a pessoa que está do outro lado da tela – o telespectador. No geral  com um pouco mais de educação, mais dinheiro no bolso, voz para reclamar e se expressar através da popularização da internet, parece que o “povão” realmente mudou, mesmo que na maioria dos casos ainda de forma muito sensível.

E não há quem possa negar isso. Seja com o acesso a TV por assinatura (de forma lícita ou ilícita), a grande massa da população passou à ter referências positivas e negativas do que é a televisão lá fora e nos canais pagos brasileiros.

Mesmo sendo muitas vezes bastante criticada, a TV por assinatura dá um show em vários quesitos quando comparada a TV aberta, principalmente para os fanáticos por filmes, séries e modalidades esportivas diferentes do futebol.

No esporte

Quase 30 anos não significaram nada para a TV aberta. Os mesmos formatos estão lá. Os mesmos apresentadores estão lá. E entre as modalidades esportivas, foi o futebol que conquistou o maior espaço, e que vem sido mantido há muitos anos.

Apesar do sucesso da modalidade esportivas, campeonatos menores não conseguiram ganhar espaço nas grades da Rede Globo. Outros esportes como o vôlei seguem em segundo plano, tendo apenas as partidas mais importantes do ano transmitidas. Coitados então do basquete, do tênis ou de qualquer outra modalidade que diferente do futebol.TV Lixo

Nas novelas e séries

As novelas seguem o mesmo ritmo, sem praticamente nenhuma inovação – nem no formato, nem no horário e nem nas expirações. Acreditem: a simples alteração do final da última novela da sexta feira para segunda já foi notada por todos, que há décadas não viam nada mudar.

As novelas até que se atreveram com novos temas, explorando a homossexualidade e outros temas considerados polêmicos pela sociedade. Porém, nada parece suficiente para quebrar a sequência de quedas na audiência que já dura anos.

E as séries – como gostamos delas… mas a TV aberta não gosta. Obrigatoriamente devendo ser dubladas, contam com trabalhos feitos em cima da hora, cortes para encaixar em ótimas faixas de horário: entre as 2h e as 5h da madrugada. Se na TV por assinatura já existem problemas com atrasos para lançar episódios e localização do idioma, na TV aberta o problema é muito mais acentuado.

Os programas de auditório da TV Aberta

Ratinho, Faustão, Gugu, Rodrigo Faro e cia que me perdoem, sei que seus programas ainda geram audiência, mas por favor, algo precisa mudar. É impossível não sentir vergonha alheia de ver formatos da década de 80 serem repetidos em todos os finais de semana do ano, sem nem tentar arriscar uma mudança grande de paradigmas.

Até mesmo os próprios auditórios acabaram diminuídos, pois não há interesse parecido com o que existia na década de 90. Não vou nem entrar no mérito de criticar quem ainda assiste por se tratar de uma questão exclusiva de gosto, mas já passou da hora de tentar o novo, reformular a grade de programação e investir em algo que realmente sirva para alguma coisa.

Veja ainda: Assinantes de TV seguem assistindo a TV aberta

Expectativas de melhora?

Não vejo nenhuma.

A rotina cansa, desgasta e destrói. A repetição é burra e torna quem se acomoda com ela burro também. Programas para a massa fazem com que o expectador entre em um ciclo infinito de se contentar com o ruim.

A TV aberta caminha claramente para seu fim ou mudança total, e será muito em breve engolida em definitivo pela TV por assinatura e principalmente pelo conteúdo on demand. Da mesma forma que o celular (que há não muitos anos era inacessível) substituiu a telefonia fixa e a matará em breve, além do e-mail que matou o fax e dos leitores digitais que vão aos poucos sepultando os livros e as demais mídias impressas, a própria internet cumprirá seu papel de extirpar a rotina da TV aberta da face da Terra.

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