O que as crianças assistem hoje e a decadência da programação infantil

A década de 2000 foi marcada por uma reestruturação geral na programação infantil. Programas de sucesso e até mesmo canais inteiros acabaram, substituídos por produções de gosto duvidoso e uma mudança total no estilo da programação em geral.

Quem não se lembra da televisão na década de 80 e 90 com seus incríveis desenhos animados exibidos pela Manchete (japoneses) Globo e SBT? E falamos aqui apenas da TV aberta. Na fechada que ganhou força apenas na década de 90, o Cartoon Network, o Nicklodeon e o glorioso (e falecido) Fox Kids traziam programação de qualidade entretendo todas as crianças daquela geração.

Notem que os desenhos da época são considerados clássicos hoje em dia, e seus autores entraram para a história. Não pode ser por acaso.

A televisão no novo milênio

Porém, na virada do milênio as coisas começaram a mudar. Aquelas crianças foram crescendo e começaram a ver que aquela programação de qualidade que estavam acostumados começava a desaparecer.

Muito falam que a qualidade não caiu, e que foram as próprias crianças que ditaram as mudanças. Mas notem que hoje o foco total das produções gira em torno de sitcons de comédia adolescente e desenhos descompromissados, sem uma sequencia ou história com começo meio e fim.

O próprio Cartoon Network que já foi referência em trazer desenhos de qualidade, fossem eles americanos ou japoneses, transmite hoje milhares e milhares de reprises de Ben 10, seu carro chefe.

Boomerang e Nicklodeon concentraram investimentos e esforços em torno de séries estreladas por cantores mirins ou gêmeos sem graça, como Jack e Josh. O Fox Kids foi sendo mudado violentamente, até se tornar primeiro Jetix e depois e depois o sem-personalidade Disney XD.

Desde então os assinantes de TV por assinatura vão sendo massacrados, como no caso do Animax, que era a maior promessa da década. Depois de se tornar Sony Spin, que logo caminhou para a extinção de todos os seus animes e da história do próprio canal.

O que aconteceu na TV aberta

A TV aberta querendo ou não, é alimentada pelo que é trazido pela TV fechada. Sempre foi assim. E não adianta fecharmos os olhos para o que é transmitido pela Globo ou SBT, pois é a programação que atinge a maior parte das crianças no país.

Para quem sabe procurar, principalmente pela internet ou comprando DVDs, animes de qualidade também foram feitos no período. Seria um desrespeito não citar aqui Naruto ou One Piece. Então por que de fato tais animes não vingaram na TV aberta e foram deixados de lado? A culpa seria das próprias crianças?

Hoje lutamos para que os canais toscos que temos, ganhem uma versão HD. Mas será que nós e os mais jovens precisam mesmo assistir a mesma programação ruim em alta definição? É o bastante?

O Disney Channel HD e o próprio Nick HD estão aí nas operadoras e não me deixam mentir: programação simulcast com praticamente mais da metade do que é produzido e exibido ainda em SD. Ganho? Evolução?

Que nada, pura enganação. E preços maiores.

E de quem é a culpa?

Houve de fato algumas mudanças sociais no Brasil e no mundo depois da década de 90. O próprio Japão endureceu seus critérios de censura, sendo que o que era visto em Dragon Ball e Cavaleiros do Zodiaco por exemplo (os grandes expoentes do trabalho dos japoneses no continente americano) passou a ser proibido.

O próprio Dragon Ball Z que retornou depois de duas décadas como “Super”, hoje é diferente – mas o sucesso está sendo enorme, confira. 

Sangue, decapitações e explosões de corpos deixaram de existir nos animes, ou ficaram restritos aos animes destinados aos adultos. Não entraremos no mérito de que si isso foi necessário ou não, mas mudou e muito o interesse das crianças pelos animes.

Exemplos como o de Dragon Ball Super que não apresenta mais violência extrema, está sim fazendo muito sucesso, mas na grande maioria entre quem já era fã da saga.

E você? O que pensa sobre isso? Quem mudou, a TV ou o interesse das crianças e adolescentes? Não deixe de comentar.