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A venda de horários na TV brasileira

E hoje trazemos a versão atualizada de um dos nossos especiais de maior sucesso: a venda de horários na TV brasileira, em especial em canais da TV paga como A&E, AXN e afins.

A prática de venda de horários na TV (que não deve ser confundida com intervalos comerciais comuns) já existe há muitos anos na televisão mundial, em especial nos países latinos, seja ela a TV aberta ou fechada. Seu objetivo é único: gerar receitas fixas e garantidas para o canal, principalmente quando ela é necessária para sua sobrevivência.

Veja ainda: Os piores canais da TV por assinatura

O missionário R.R. Soares talvez seja o maior simbolo da venda de horários na TV aberta brasileira

Alguém lembra da CNT na década de 90?

A CNT já vendia seus horários, tanto na madrugada quanto durante o dia, já no início da década de 90, quando o canal de TV aberta era muito mais relevante do que é hoje em dia. Alguns dos conteúdos eram regionalizados e outros nacionais, o que incluiu durante uma fase do canal a estreia de programas próprios (que vendiam automóveis, computadores e que faziam alguns jogos através do famoso 0900 – proibido mais tarde) mas que a emissora repassava a responsabilidade para seus “idealizadores”.

Confira: o fim da TV como conhecemos

Logo depois foi a vez da Band. Entre a década de 90 e inicio dos anos 2000, a emissora que fraquejava no Ibope (mais ainda do que hoje em dia) lotava sua grade de programação com info-comerciais, o que incluía também o começo da presença marcante de R.R. Soares no horário nobre do canal.

A TV Manchete no início da década de 90 já nos “prestigiava” com muitas e muitas horas de comerciais nos intervalos de Cybercops e outros sucessos da época.

O evolução na venda de horários para outros grandes canais abertos

A venda de horários para a igreja de Soares rendeu bons frutos, tanto para a própria igreja quanto para o canal aberto, que estava pareceu satisfeito com os ganhos e com os índices de audiência no horário. Foi dado início para uma nova estratégia: gerar ganhos fixos e aproveitar a audiência de certos nichos – no caso os seguidores da igreja citada.

Além da Band e CNT, logo a Record e o SBT (com foco nas afiliadas locais) entraram na jogada. A Record foi ainda mais fundo, pois se tratava de emissora com forte participação de Edir Macedo, também bispo de uma das maiores igrejas evangélicas brasileiras. De lá para cá outras religiões (o que inclui a católica – única com espaço na Rede Globo em alguns horários semanais) compraram horários e passaram a ter seus próprios programas na TV aberta.

Não perca: a decadência da TV aberta brasileira

Hoje a venda de produtos em grandes faixas de horários é muito menor do que já foi em outro momento – algumas exceções permanecem, como é o caso do leilão de jóias que chega a ocupar madrugadas inteiras em muitas cidades, que assim como o Polishop já possui inclusive canal próprio.

Além de ocupar faixas de horários em vários canais da TV paga, o Polishop tem canal própria e centenas de lojas físicas franqueadas no Brasil.

A venda de horários na TV por assinatura

Na TV por assinatura permanece a força da venda de produtos por telefone, que teve seu auge na década passada com o Polishop e similares. Como todos sabem, o Polishop possui há tempos canal próprio, e já mudou sua política de vendas, contando com dezenas de lojas físicas pelo país.

Parece que a venda por telefone já não chega nem perto de agradar as classe C e B como em outros tempos, provavelmente graças a internet e a concorrências com outros grupos.

Mas a redução nem de longe quer dizer que não exista mais a prática, como veremos a seguir.

Mas a venda de horários acabou na TV por assinatura?

Não e nem parece perto de acabar. Nos parece um fruto cultural nos países latinos, haja visto que em nações como Chile, Argentina, Peru e vários outros, essa fatia do comércio está em seu maior auge e é quase insuportável – se fizer uma viagem para Santigo, Buenos Aires ou Lima, experimente assistir algumas horas da programação local.

Como as programadoras norte americanas e europeias precisaram atender ao público da América do Sul, o que inclui também o Brasil, canais como a AXN, A&E, E!, e vários outros, herdam por aqui os costumes culturais de outros povos as vezes não possuem muito a ver conosco.

Ainda temos curiosidade em descobrir se o pagamento de ANOS de espaços na TV gerou grandes lucros para o pessoal da Tekpix.

O problema da generalização da América Latina

Este assunto merece uma pesquisa e uma matéria especial, no mínimo. Por mais de 20 anos fomos bombardeados com versões pseudo brasileiras de canais americanos, que antes de chegar aqui eram traduzidos e adaptados para a Argentina, Uruguai, Paraguai… não precisamos nem dizer que isso é um equívoco, não é mesmo?

Muito menos presente, mas ainda existente, a “Pan-regionalização” dos canais da TV paga traz aspectos que não nos servem, não nos agradam.

Quem não lembra dos famosos caça níqueis via 0900 na década de 90? Eram cobrados R$2,95 quando o salário mínimo era próximo de R$150,00…

Aos poucos a tendência foi se invertendo: graças ao crescimento econômico do Brasil entre 2010 e 2014, grandes programadoras se instalaram por aqui para produzir conteúdo e depois distribuí-lo para o restante da América Latina. Melhor para nós e pior para eles.

Mas com a forte crise vivida e encolhimento da TV por assinatura desde 2015, será essa tendência se manterá?

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A nova Lei de TV por assinatura e o fim da venda de horários na TV

Em alguns momentos históricos, ministros se mostraram favoráveis ao fim da venda de horários na TV aberta, alegando que a natureza do serviço gratuito, como fins “culturais” e de acesso a informação, não era compatível com espaços para terceiros divulgarem suas crenças e convicções livremente. Obviamente que nenhum projeto de Lei foi adiante, pois a força política das emissoras é grande e para muitas é questão de sobrevivência.

A nova Lei de TV por assinatura chegou e com ela muitas mudanças – mas nenhuma sobre o assunto em si. Além disso, canais como o Rede Brasil e a Rede TV, apenas como exemplo, se tornaram obrigatórios em todas as operadoras, o que garantiu ainda mais demanda para compra de seus horários.

A alternativa mais viável, racional e provável de ser viabilizada, é a de que os canais que dependem dessa venda de horários passassem a investir o dinheiro arrecado em conteúdo, para aos poucos criar audiência saudável e ir revertendo a situação aos poucos, ganhando dinheiro com os intervalos comerciais comuns.

O que você espera de sua TV por assinatura? Não deixe de opinar

A própria audiência de conteúdo de qualidade torna o espaço mais valorizado e disputado, inviabilizando que qualquer igreja ou outra empresa possam adquirir 12 horas seguidas de programação em um canal.

Ficamos na torcida para que os diretores dos canais busquem tal objetivo, assim como a Band fez nos últimos anos através de parcerias que trouxeram conteúdo de qualidade, por exemplo.

Com a parceira com o grupo argentino responsável pelo CQC e outros programas de sucesso, atraiu investidores e valorizou os espaços no canal, diminuindo muito a dependência da venda de horários.

exorbeo

Ver comentários

  • Ei galera chega ser ridículo o que o SBT faz, expondo os anúncios da Jequiti no meio de uma reportem.Mesmo que seja por segundos.

  • acho q devia ter uma lei que comerciais de vendas de produtos deveria ter só no comercial do canal e ficar apenas nos canais de vendas como polishop, shoptime e outros, devia ter uma lei que acabassem com a venda de horario pra passar infomercial polishop ou canais progrmas religiosos. e o governo pagar uma taxa mensal pra que os canais de nosso pais prospere em conteudo e audiencia

  • Nada é mais chato do q a Polishop , no canal A&E , em pleno intervalo eles chegam a transmitir propagandas de + de 1 minuto da Polishop . Isso é ridículo .

  • O que devia fazer era o seguinte:
    A criação da categoria EMISSORA RELIGIOSA.
    A Denominação religiosa que desejasse teria facilitada a concessão de uma rádio e um canal de TV que seja geradora..
    Cidades acima de 200 mil habitantes a denominação religiosa que desejasse teria a concessão de uma rádio junto com um canal de tv (geradora),em contra partida seria obrigada a colocar uma repetidora de um canal publico(TV Justiça ou TV Senado ou TV Camara) ou um canal educativo(TV Cultura de São Paulo ou TV Brasil ou TV Escola ou Canal Futura) em uma cidade com menos de 100mil habitantes e acima de 100 KM de distancia da Geradora com canal religioso.
    Em cidades entre 100mil e 200mil habitantes a denominação religiosa poderia apenas preitear uma concessão de rádio.
    Uma cidade pode ter quantas rádios e TV's religiosas,desde que sejam de denominações diferentes e existam espaço no dial.
    A Emissora Religiosa deve ser mantida com doações dos fieis,sendo proibido a venda ou locação de espaço/horário assim como a veiculação de comerciais.
    Na tv paga os canais não deveriam ter intervalos acima de 2 minutos.
    Canais que são dedicados a filmes só devem ter intervalos entre cada filmes.
    Acho errado canais como o History ter intervalos longos apenas com chamadas para outros programas.

  • Com a criação da categoria Emissora Religiosa as emissoras comerciais seriam proibidas de vender espaço/horarios para igreja,mas poderiam Doar pela manhã nas sextas,sabados e domingos,

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